Participei de uma reunião online sobre Inteligência Artificial aplicada à Medicina. A palestra envolvia diversas doenças. No meio dela, a ministrante citou que enviaria o paper sobre um trabalho que envolvia o Alzheimer.
No encerramento, quando perguntado se alguém queria dizer algo, após minhas perguntas, eu disse usaria de humor negro para finalizar, mas que só quem prestou atenção entenderia: “não esqueça de enviar o paper!”
As pessoas riram, inclusive a palestrante.
No dia seguinte, o organizador do evento, procurou-me e orientou-me a mudar meu comportamento sobre minorias. Demorei alguns segundos para buscar na memória o que eu poderia ter dito nessa direção. Achei que fosse apenas por causa da brincadeira com o Alzheimer. Porém, para meu espanto, também era pelo uso da expressão “humor negro”!!!
Após ouvir o que ele tinha a dizer, de forma educada, para não perder a razão, posicionei-me dizendo que não concordava com esses exageros do Politicamente Correto.
Primeiro, “humor negro” não refere-se à cor da pele (muito menos considero isso algo pejorativo, apenas uma característica, ou será que já chegamos ao ponto de sermos proibidos de dizer a verdade?), recuso-me a explicar o significado da expressão, a altura da vida. Segundo, a brincadeira sobre o esquecimento não foi impertinente e acredito que o seja muito mais a tentativa de cercear meu direito constitucional [1] de liberdade de expressão… Porém, há algum tempo não temos mais um Estado de Direito no país.
Qual será o próximo passo dos militantes do Politicamente Correto? Proibir as piadas? Torná-las crime? Afinal a maioria delas tem como fundamento o exagero, ou será que quem ouve acredita que todas as loiras e portugueses são burros, que todos os gaúchos são homossexuais, que todo “Joãozinho” é uma peste etc.?
Não podemos nos curvar a essa Gestapo do Pensamento, não podemos permitir que essa Janela de Overton do controle global se mova impunemente. Cada vez mais precisamos de pessoas munidas de coragem, educação e diplomacia para esse combate silencioso que já invadiu as empresas. Principalmente as grandes.
Não vou me curvar a essa militância desprovida de raciocínio lógico profundo. Não vou entrar numa doceria e pedir, ao invés de uma “Nega Maluca”, uma “Afro-brasileira desprovida de equilíbrio intelectual”. Isso é insano.
E da próxima vez que eu for a um restaurante, mesmo que eu seja atendido por uma mulher, continuarei dizendo que “a comida estava muito gostosa!”
(Francisco Teodorico, Jan2022)
[1] Apesar de eu ter a impressão de que a Constituição Federal já tenha sido classificada pelos nossos bibliotecários como obra de ficção
Canal Telegram – Reflexões e Utopias