Mensagem dos padrinhos Francisco Teodorico e Fernanda, e da daminha de honra
Há algumas semanas fomos assistir com nossa filha à animação Operação Big Hero 6. Hoje não fazem mais animações apenas para crianças, mas para a família toda e entre os diversos temas abordados no filme, destaco um deles: um dos personagens, num momento crucial do filme, fala sobre suas tentativas em busca de seu objetivo. Tentou uma, duas, três,… e se não me falha a memória, mais de 80 vezes até conseguir chegar ao ponto que queria. Imediatamente lembrei-me de vocês dois, pois o casamento é um pouco isso: para honrar com o juramento, com o sacramento, não há a possibilidade de desistir. A paciência e a perseverança são virtudes que todos os noivos devem possuir para tornar menos difícil a caminhada juntos.
A maioria das pessoas, quando se casa o faz. Inconscientemente, pensando ter encontrado uma solução para os seus problemas: satisfação do ego, carência afetiva, comodidade, etc. Só o tempo, mostra ao casal que o Plano de Deus é muito maior do que isso! Quando o fogo da paixão diminui, inicia-se uma nova fase, é quando perguntamos “o que estamos deixando para que este mundo seja melhor do que recebemos?” E então começa-se a pensar em filhos, em sua Educação, e outros detalhes. É o amadurecimento da relação a dois. E tudo deve acontecer dentro de seu tempo, não deixem que as pressões antecipem as fases, afinal o fruto suculento, antes de sê-lo, tem que passar por todas as etapas, iniciando na semente.
O casamento não é a solução de nossos problemas, mas um compromisso! Um compromisso, um juramento que fazemos diante do altar e temos de cumprir até que a morte nos separe, por mais que a sociedade crie leis que permitam que isso não se cumpra, devemos lembrar que nenhuma lei humana está acima da divina.
Casamento é a renúncia do “eu” em função do “nós”. Um solteiro não sabe o valor de seu tempo. Um casado valoriza os minutos e quando nos transformamos em pais, os segundos valem mais do que ouro. Passamos a valorizar o tempo não apenas pela escassez, mas pelo valor que passam a ter. Cada momento que passamos com nossa família vale mais do que ouro e mais uma vez é a maturidade que nos traz essa percepção, quando como nós, vemos nossos amigos, exemplos de cônjuges, voltando para a casa do Pai. Não deixem nunca de dizer um ao outro um “eu te amo” e principalmente de valorizarem-se em todos os sentidos, desenvolvam o hábito de rezarem juntos antes de dormir, mesmo quando brigados, como sugerimos em nossa conversa de padrinhos…
O casamento é tão importante que, entre outras características, é o único dos sete sacramentos que não é celebrado pelo padre, mas pelos noivos, pois o sacerdote apenas preside a cerimônia. Foi num casamento que Jesus, a pedido de sua mãe (e nossa), Maria, Nossa Senhora, antecipou seu primeiro milagre!
Enfim, poderia passar a noite toda aqui divagando sobre o assunto, mas os noivos tem que ir para a Lua de Mel… Então, para encerrar, gostaria de fechar com chave de ouro, compartilhando uma crônica de Stephen Kanitz, administrador por Harvard (é diferente da outra que compartilhei com vocês, apesar de ser o mesmo assunto e o mesmo autor), que gostaria que vocês levassem como lembrança deste momento cuja dimensão de importância só perceberão daqui a mais de uma década:
O CONTRATO DE CASAMENTO
“Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender”
Na semana passada comemorei trinta anos de casamento. Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo assustador: “Coisa rara hoje em dia”. De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato. Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo “vou sempre amar você”, como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. “Eu amarei você para sempre” deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.
Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher “ideal” para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu “verdadeiro amor” estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema.
Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação.
Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: “Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade.
Sei que fatalmente encontrarei centenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento.
Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em “harmonia”. Homens e mulheres que conheceram alguém “melhor” e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento. O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre.
Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros “melhores”. Eles aprendem a conviver com os pais que têm.
Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda, e num próximo artigo falarei sobre esse assunto.
Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.
(Fonte: Coluna Ponto de vista, Stephen Kanitz, Revista Veja, edição 1873, 29Set2004)
Sejam felizes para sempre!
(19Dez2017)