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O ABENÇOADO

Aquele moço seguia todos os dias pelo mesmo caminho. Em suas viagens diárias do subúrbio, onde morava, à cidade, onde trabalhava, o trem sempre passava por um viaduto de onde se podia ver o interior de alguns apartamentos no prédio localizado em nível inferior.

Naquele lugar o trem diminuía a velocidade e por isso o rapaz podia observar através da janela de um dos apartamentos, uma senhora idosa deitada sobre a cama. Ele via aquela cena há mais de um mês.

A senhora certamente convalescia de alguma enfermidade, era o que ele pensava. O jovem teve pena dela e desejou vê-la restabelecida. Num domingo, achando-se casualmente naquelas imediações, cedeu a um impulso sentimental e foi até o prédio onde a senhora morava. Perguntou ao porteiro o nome da anciã e depois lhe enviou um cartão com votos de restabelecimento, assinando apenas: “um rapaz que passa diariamente de trem”.

Dali a uma semana mais ou menos, a caminho de casa no trem, o jovem olhou, como sempre, para a janela. No quarto não havia ninguém e a cama estava cuidadosamente arrumada. No parapeito da janela, porém, estava afixado um pequeno cartaz escrito a mão e iluminado por uma lâmpada de cabeceira. Mostrava apenas uma frase singela de gratidão, dizendo: “Deus o abençoe”.

Um jovem, com tanta sensibilidade fraternal certamente é abençoado por Deus. Esse Deus que quer que suas criaturas se amem e se respeitem mutuamente. Esse Deus que espera que nos ajudemos uns aos outros, sem preconceitos e sem arrogância. Aquele jovem do trem não tinha outra intenção a não ser ajudar anonimamente a uma pessoa desconhecida, atendendo a um apelo do seu coração generoso.

E é por essas e outras razões que vale a pena acreditar que o mundo está mudando. Há pessoas que se entregam à depressão e outras enfermidades por acreditarem que ninguém se importa com elas. Assim, um simples gesto de solidariedade pode se constituir em um dos mais poderosos remédios contra esse tipo de mal. E é um remédio que não custa nada, não tem contra-indicação e está ao alcance de todos.

(Fonte: Site Padre Marcelo Rossi)